Setembro/2012
“O
cientista político Alexandre Barros (foto) sempre foi mal em matemática. Hoje
PhD em Ciência Política pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, na
infância e na adolescência chegou a pensar que era incompetente, já que não
conseguia multiplicar ou dividir como seus colegas de classe. Segundo
ele, todo o período escolar foi um horror. Fui sempre empurrado para
professores particulares de matemática. Barros, 68 anos, só foi descobrir a
discalculia aos 53 anos, quando já era um profissional reconhecido em sua área e
tinha passado por vários obstáculos que o distúrbio poderia lhe causar. Um amigo
que lhe ditava um número de telefone percebeu que Barros havia anotado os
números numa ordem diferente, e disparou: “Você tem dislexia”. Surpreso, o
cientista foi procurar saber mais sobre o assunto e descobriu que tinha um
problema parecido com a dislexia. “Descobrir que era discalcúlicolavou a
minha alma”, lembra. (Texto extraído do Jornal da Tarde de
29/09/2010).
Assim,
como Barros muitas crianças também podem ser discalcúlicas e não estão
correspondendo as expectativas satisfatórias de aprendizagem, por isso, pais e
professores, devem estar atentos a estas questões e sempre que necessário
encaminhar a criança para atendimento psicopedagógico ou neuropsicopedagógico
para que a partir daí sejam feitas possíveis intervenções.
De
modo bem exemplificado, a imagem abaixo, mostra alguns tópicos da
discalculia:
Se os
sintomas abaixo aparecem com muita intensidade, então podemos estar diante de um
possível discalcúlico:
•
Dificuldades frequentes com os números, confundindo os sinais: +, -, ÷ e
x;
•
Problemas para diferenciar o esquerdo e o direito
(lateralidade);
• Falta
de senso de direção (norte, sul, leste, e oeste) e pode também ter dificuldade
com um compasso.
• A
inabilidade de dizer qual de dois números é o maior.
•
Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental,
etc.
• Melhor
nos assuntos que requerem a lógica, do que nas fórmulas de nível elevado que
requerem cálculos mais elaborados;
•
Dificuldade com tempo conceitual e elaboração da passagem do
tempo;
•
Dificuldade com tarefas diárias, como verificar a mudança nos dias da semana e
ler relógios analógicos;
• A
inabilidade de compreender o planejamento financeiro ou incluí-lo no orçamento
estimando, por exemplo, o custo dos artigos em uma cesta de
compras;
•
Dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma distância (por
exemplo, se algo está afastado 10 ou 20 metros);
•
Inabilidade de apreender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas, e
sequências matemáticas;
•
Dificuldade de manter a contagem durante jogos;
•
Dificuldade nas atividades que requerem processamento de sequências, tal como
etapas de dança ou leitura, escrita e coisas que sinalizem
listas,
• Pode
ter o problema mesmo com uma calculadora devido às dificuldades no processo da
alimentação nas variáveis.
• A
circunstância pode conduzir, em casos extremos, a uma fobia da matemática e de
quaisquer dispositivos matemáticos, como as relações com os
números.
O
psicopedagogo e o neuropsicopedagogo são profissionais indicados para avaliar e
acompanhar a criança nesse momento.
Ambos
profissionais iniciam a terapia visando melhorar a imagem que a criança tem de
si mesma, valorizando as atividades nas quais ela se sai bem, fazendo dessa
forma um regate das suas potencialidades.
Num
segundo momento, se faz necessário descobrir como é o processo de aprendizagem
daquela criança. Às vezes, ela tem um modo de raciocinar que não é o padrão,
estabelecendo uma lógica própria que foge ao usual.
Na
escola é importante que os professores desenvolvam atividades que contemplem
sempre o uso de material concreto, pois essa criança necessita ter o manuseio
deste material. E sempre propor atividades em que toda a turma se utilize destes
materiais, procurando momentos de troca de interação com o grupo. Também, o
aprender através dos jogos se faz de grande valia para crianças discálculicas,
propostas de intervenção pedagógicas através desta metodologia serão assunto
para próxima postagem deste blog.
Ponto de
vista neuropsicopedagógico: Ir mal na disciplina de matemática onde não basta
decorar conceitos, mas sim saber aplicá-los, de certa forma é algo opcional de
cada indivíduo, pois requer rotinas de estudos, dedicação, empenho...
Entretanto, se faz necessário uma investigação mais profunda quando o problema
envolve os sintomas alertados anteriormente.
Referências:
ANTUNES, Celso. Jogos
para estimulação das Múltiplas Inteligências. 13ª edição. Petrópolis: Vozes,
1998.
BASTOS, J.A. O cérebro e
a matemática. São Paulo: Edição do
Autor,
2008
CIASCA, Sylvia
M. Distúrbios de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar.
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
GARCIA, J.N. Manual de
dificuldades de aprendizagem. Linguagem, leitura, escrita e matemática.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
GRANDO, R.C. O jogo e a
matemática no contexto da sala de aula.São Paulo: Paulus,
2004.
SILVA,
Willian R. C. Discalculia: Uma abordagem à Luz da Educação Matemática.
Projeto de Iniciação Científica. São Paulo: Universidade Guarulhos, 2008.
Disponível em:http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/MATEMATICA/Monografia_Silva.pdf