COMO NÃO CONFUNDIR INTELIGÊNCIA COM CAPACIDADE OU COMPETÊNCIA
Celso Antunes
Toda
pessoa adulta goste ou não do sabor, sabe o que é alho e muito
provavelmente já ouviu, pelo menos uma vez na vida, o provérbio “não
confunda alhos com bugalhos”, mas poucos se dão conta do que, afinal de
contas, significa “bugalho”. Buscando essa palavra em um dicionário,
aprendi que “bugalho” é a excrescência de qualquer parte do vegetal,
produzida pela ação de fungos ou de insetos. Em outras palavras, o
provérbio popular sugere que se separe o produto desejado, no caso o
alho, sem confundi-lo com algum caroço de discutível semelhança.
Esse
provérbio, de uma certa forma, se ajusta à teoria das inteligências
múltiplas e solicita, portanto, que não se confunda o conceito de
“INTELIGÊNCIA” com o de “COMPETÊNCIA”, “HABILIDADE” ou ainda com
conceito de “construtivismo” que já analisamos outras vezes.
Não há mesmo razão alguma para confundi-los.
INTELIGÊNCIA
constitui um potencial biopsicológico que no ser humano ajuda-o a
resolver problemas. Dessa forma representa atributo inato à espécie e
assim nascemos com nossas diferentes inteligências, cabendo ao ambiente
no qual se inclui naturalmente a escola, mais acentuadamente
estimulá-las.
A “COMPETÊNCIA” não é inata e, portanto, constitui atributo adquirido.
Representa
a capacidade de usar nossas inteligências, assim como pensamentos,
memória e outros recursos mentais para realizar com eficiência uma
tarefa desejada. Se ao buscar um destino qualquer descobrimos que a
estrada foi interrompida, nossas inteligências levam-se a essa
constatação e a certeza de que se deve buscar outra saída, mas a forma
como faremos determina o grau de competência da pessoa. Como se percebe,
a competência é a operacionalização da inteligência, e a forma concreta
e prática de colocá-la em ação. Assim posto, ao trabalhar as diferentes
inteligências humanas, pode o professor ativar diferentes competências.
Percebe-se dessa maneira que a noção de “competência” surge quando
aparece ou é proposto um problema, pois este desafio é que mostrará a
forma melhor em superá-lo. Superar um problema com competência,
entretanto, não implica que tenhamos habilidade para fazê-lo.
A HABILIDADE é produto do treino e do aprimoramento de nossa destreza.
Para
que esses conceitos se ajustem a prática, desenvolvamos o seguinte
exemplo: o automóvel que nos leva a praia empaca em meio à estrada;
nossas inteligências detectam esse problema e a necessidade em
superá-lo. Se tivermos competência para isso, apanhamos a caixa de
ferramentas e colocamo-nos em ação, se não temos que ao menos tenhamos
uma outra competência, a de chamar depressa um mecânico. Supondo que
saibamos consertar a peça defeituosa e, dessa forma, resolvendo de forma
pertinente o problema que nos empaca, o faremos com maior ou com menor
habilidade. Se o problema é histórico em nosso carro e em nossa vida,
provavelmente já conquistamos habilidade maior em substituir ou
consertar a peça defeituosa.
Levando-se
esse exemplo para sala de aula, podemos ao ensinar um ou outro conteúdo
explorar suas implicações linguísticas, lógico-matemáticas, espaciais,
corporais e outras. Podemos ainda, propondo desafios e arquitetando
problemas, treinar competências nossas e de nossos alunos, verificando
que alguns as usam com notável habilidade, outros com habilidade menor
que, com persistência poderá crescer.
O trabalho com inteligências múltiplas em sala de aula pressupõe uma reflexão construtivista, voltada para despertá-lo progressivo de competências e sua transferência para vida prática através do desenvolvimento de muitas habilidades que aos poucos se aprimora. Essa concepção se opõe a idéia de que o saber transfere-se de uma pessoa para outra como algo que estando pronto vem de fora e se encaixa na mente do aluno.
FONTE: http://espacodasaladeaula.blogspot.com.br/2009/09/como-nao-confundir-inteligencia-com.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário